sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"Poema-carta para Patrícia Lino", dois vídeos de leitura no Porto e uma pequena sessão de fotos em que banco a Bette Davis

Poema-carta para Patrícia Lino

Os vídeos
estão ótimos, tão
bem feitos
pelas mãos
do teu respeito,
este, que não
sei se mereço.
Vejo-me
magricelo,
tristonho
e horroroso,
insegurança
de eterno
adolescente
subnutrido,
que só ia
à praia
de camisa.
O vento
é apropriado
sempre
para um poeta
descabelado
a miúdo,
verborrágico
e frequente.
É que bicho
apaixonado
é estapafúrdio,
vê-se em foto
ou vídeo
e tudo
que se pergunta
é se o amado
o achará bonito.
Coço
o bócio
eu próprio,
agora
sem quem
o molhe
com fluidos
alheios.
Não se preocupe
com a resolução
do Youtube,
é assim, prefiro-me
vivo, mesmo
com pouquíssimos
pixels.
Agradeço
esta desculpa
de não sentir-me
feito apêndice
inflamado,
todas as ilusões
de nossa relevância.
Guardo o sonho
de ser feliz
um dia
no Porto.


Berlim, manhã do dia 30 de setembro de 2011

§

Dois vídeos de leitura no Porto, filmados por Patrícia Lino, embaixadora da poesia brasileira na cidade.



"Texto em que o poeta celebra o amante de 25 anos", lido no Porto, 26 de setembro de 2011, filmado por Patrícia Lino.

Texto em que o poeta celebra
o amante de vinte e cinco anos



Houve
guerras mais duradouras
que você.
Parabenizo-o pelo sucesso
hoje
de sobreviver a expectativa
de vida
de uma girafa ou morcego,
vaca
velha ou jiboia-constritora,
coruja.
Penguins, ao redor do mundo,
e porcos
com você concebidos, morrem.
Saturno,
desde que se fechou seu óvulo,
não
circundou o Sol uma vez única.
Stalker
que me guia pelas mil veredas
à Zona,
engatinha ainda outro inverno,
escondo
minha cara no seu peito glabro.
Fosse
possível, assinaria um contrato
com Lem
ou com os irmãos Strugatsky,
roteiristas
de nossos dias, noites futuras;
por trilha
sonora, Diamanda Galás muge
e bale,
crocita e ronrona, forniquemos.
Celebro
a mente sob os seus cabelos,
ereto,
anexado ao seu corpo, o pênis.
Algures,
um porco, seu contemporâneo,
chega
ao cimo de seu existir rotundo,
pergunto,
exausto em suor, se amantes,
de cílios
afinal unidos, contam ovelhas
antes
do sono, eufóricas e prenhas.




"Carta a Antínoo", lido no Porto, 26 de setembro de 2011, filmado por Patrícia Lino.


Carta a Antínoo

Que me importam o império as vilas
as efígies nas moedas se o teu cheiro
ocupa ainda cada canto angular
da arquitetura
mas teu pescoço teus pés teu tórax
já não os habitam
e as águas do Nilo não permitem
que este teu cheiro
agora se evada se exale e me excite ou exalte
uns dizem suspeitar que eu ordenei tua morte
outros que tua influência se tornara indesejável
nunca houve lugar para Eros
entre as intrigas de corte
eu já não me lembro tua morte talvez
a tenha ordenado quiçá tenha sido
castigado por meus inimigos
os mais cruéis sugerem que o ato
fora uma fuga tua dos meus cafunés
das minhas mãos geriátricas
não sei não sei tua lembrança
ocupa o espaço de todo o resto
que eu poderia agora memorizar
ordens execuções missões diplomáticas
a fundação de cidades já não me alegra
se tu já não serás um dos cidadãos
as revoltas de bárbaros tão-só
me entediam
se tu não me acompanhas nas campanhas
divinizar-te é consequência lógica
doravante estarás no panteão
entre aqueles que agora
por um motivo a mais invejo
se teu exercício de natação sem volta
foi mesmo sacrifício ou autoimolação
eu me pergunto que deus te merecia
mais do que eu
dizem as boas bocas pelas ruas de Roma
que eu chorei por ti como uma mulher
como se eles pudessem distinguir o gênero
das águas salinizadas
Pancrates de Alexandria comparara
uma flor-de-lótus a ti e não o contrário
e com isso ganhou meus favores
tu eras o parâmetro
de todos os sistemas da simetria
Antínoo ainda que eu mandasse a Bitínia
ser varrida vasculhada
jamais outro com teu pescoço
teus pés teu tórax
tu eras o príncipe das belugas
Antínoo tu foste meu antinão

§


Pequena sessão de fotos em que banco a Bette Davis
(retratos feitos por Patrícia Lino)





quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Das canções favoritas: "Hello, Goodbye", dos Beatles



Esta foi a canção que ouvi obsessivamente ontem durante o dia. É uma das minhas favoritas, não apenas dentre as dos Beatles, como de qualquer tempo ou banda. Sei que eles talvez tenham composições e letras muito mais sofisticadas, mas a mim esta canção parece uma coisa muito linda, diz tanto com tão parcos recursos, é triste demais e tão cheia de alegria ao mesmo tempo, daquela esperança do "bola para a frente, meu velho".

Foi lançada como single em 1967, escrita por Paul McCartney.






Hello, Goodbye
Paul McCartney

You say yes, I say no
You say stop and I say go, go, go
Oh, no
You say goodbye and I say hello
Hello, hello
I don't know why you say goodbye
I say hello
Hello, hello
I don't know why you say goodbye
I say hello

I say high, you say low
You say why, and I say I don't know
Oh, no
You say goodbye and I say hello
Hello, hello
I don't know why you say goodbye
I say hello
Hello, hello
I don't know why you say goodbye
I say hello

Why, why, why, why, why, why
Do you say good bye
Goodbye, bye, bye, bye, bye

Oh, no
You say goodbye and I say hello
Hello, hello
I don't know why you say goodbye
I say hello
Hello, hello
I don't know why you say goodbye
I say hello
hello, hello
I don't know why you say goodbye I say hello
Hello

Hela, heba helloa
Hela, heba helloa

.
.
.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fincomeço: neste dia, hoje, quarta-feira, 28 de setembro de 2011, saúdo um a mais, um a menos



Este ano de 2011 tem sido um ano de fins abruptos, começos involuntários, os quais tenho recebido entre o susto e o siso. Hoje, após seis anos e meio organizando os eventos, festas, intervenções e performances semanais neste bairro de Prenzlauer Berg, em pleno Berlimbo, primeiro sob o nome de Berlin Hilton, depois como SHADE inc, celebramos pela última vez no clube que nos abrigou desde 2005, após abandonarmos o primeiro por ter se tornado pequeno demais e a relação com os donos demasiado difícil. No clube Neue Berliner Initiative, conhecido como NBI, pudemos enfim fazer do evento o que queríamos: uma ponte entre cenas e guetos, um local onde os mais improváveis indivíduos se encontrassem. Seria impossível relatar aqui tudo o que aconteceu por ali. Tive a chance de organizar performances de heróis meus ou simplesmente beber com eles quando passavam pela festa. Ali organizamos, muitas vezes pela primeira vez em Berlim, performances e concertos de artistas como Planningtorock, Stereo Total, Bunny Rabbit, Mystery Jets, AIDS-3D, Barbara Panther, Tetine, Hellvar, Ben Butler & Mousepad, Exercise One, Herpes, Glen Meadmore feat. Vaginal Davis, Heatsick, Khan, Kevin Blechdom, Angie Reed, Deize Tigrona, Thieves Like Us, Wolfgang Müller (Die Tödliche Doris), entre outros; tocaram ainda, como DJs, artistas como Peaches, Ellen Allien, Apparat, Modeselektor, Fischerspooner, Telepathé, CocoRosie, oOoOO, Change/Thomas Muller, Heartthrob, Gebrüder Teichmann, T.Raumschmiere, etc. Não vou citar as pessoas inacreditáveis que passaram pela festa para beber ou assistir a uma performance, pois seria passar dos limites aceitáveis do name dropping.

Hoje, acaba uma era da vida noturna berlinense. Não sou eu a dizer, mas as muitas pessoas que têm reagido à notícia desta última festa. O clube fecha esta semana por ter se tornado impossível manter-se neste bairro (gentrification, dears, gentrification...) e nós talvez quiçá oxalá sigamos em frente, mas em outro local, outro bairro, com outro projeto.

Nosso convidado especial desta noite é o nova-iorquino Black Cracker, produtor do duo CocoRosie, Bunny Rabbit, e incrível artista solo. Já falei sobre ele aqui.





O futuro? Não nos esqueçamos da tautologia sábia de Scarlett O´Hara:

"Tomorrow is another day"

Abaixo, uma pequena seleção de vídeos de performances na Berlin Hilton/SHADE inc, reunidos nestes últimos seis anos. Da grande maioria não há qualquer registro, estávamos geralmente ocupados demais sendo felizes para pegar numa câmera. Mas por sorte há estes, feitos por amigos, às vezes por mim. Ajudam minha memória já excitada.

RIP Berlin Hilton/SHADE inc (2005 - 2011)



Kevin Blechdom (2006)

§


Mystery Jets (2009)

§


Jailhouse Fuck (2009)

§


Wolfgang Müller - Die Tödliche Doris (2009)

§


Ellen Allien discotecando em 2010.

§


Herpes (2009)

§


Apparat + Akia discotecando em 2010.

§



Lesley Flanigan (2010)

§


Akia (2009)

§


Thomas Muller a.k.a. Change discotecando em 2010.

.
.
.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Retorno de Portugal com os primeiros sintomas de uma nova obsessão: Maria Gabriela Llansol

Voltei hoje a Berlim, depois de uma passagem muito boa por Portugal, minha primeira vez, com leituras/performances em Lisboa e Porto. Muitos livros na mala. Há muito o que contar, muitas ideias, leituras e encontros, mas, por ora, comento apenas estar passando pelos primeiros sintomas do que certamente se tornará uma nova obsessão - pela escritora portuguesa MARIA GABRIELA LLANSOL (1935 - 2008).

Já havia lido referências a ela aqui e acolá, mas foi uma conversa em Lisboa com a poeta cearense Érica Zíngano que me fez percorrer os alfarrabistas (sebos) do Porto até encontrar um livro da autora, que morreu há poucos anos. Encontrei o estranho e maravilhoso Um Falcão no Punho (1985), que comecei a ler na mesma noite e está me absorvendo por completo. A última vez que me lembro de ter sentido isso foi quando descobri Hilda Hilst, há mais de uma década.

Este livro, que se constrói e descontrói a forma do diário, lançando-se nas águas das expectativas de gênero (GENRE/GENDER), é ficção e construção de realidade, não sei ainda o que dizer, estou absorto e acabei de entrar no universo de Maria Gabriela Llansol.

Deixo vocês com uma página do livro:


Herbais, 26 de julho de 1981

Relativamente a nós, o meu corpo foge, e parece que, só, desço um rio, e faço um exame atento do seu leito. Este não foi, no entanto, o princípio fidedigno dos meus pensamentos, hoje. O que me ocorreu é que o meu corpo foge de mim e que, um ou outro, deslizam sem protecção, para o interior de uma obra; ninguém pode deter-se de permeio deveria também ter dito que sou submetida à prova de uma cosmogonia, e que leio, com paixão, textos do mundo medieval. Em concomitância, convirjo para Spinoza.

Idade Média:
Quando ler um texto era comentá-lo..., a ideia de que um texto é para bom uso, faz-me evocar o meu próprio corpo, e a sensualidade do entendimento. Abelardo dava o seguinte conselho: "aprende durante muito tempo, ensina tarde, e somente o que julgares valer a pena. Quanto a escrever, não te apresses".

Estarei no momento em que me desvio para aprofundar a confusão de uma experiência, do prazer carnal? Não me dou conta de que, como a lectio, sou um ser livre, solto na dependência, e na obscuridade.



§

Página de Um Falcão no Punho (1985), de Maria Gabriela Llansol (1935 - 2008). E o obsessão enraíza-se e lança aos altos seus galhos.


.
.
.

domingo, 25 de setembro de 2011

Uma poeta portuense para celebrar minha chegada ao Porto

Porto

O trem avança por entre vinhas, até que percebo os trilhos correndo ao longo de uma praia, o sol começa a se por, e sei, sem jamais ter estado aqui antes, que estou chegando à cidade do Porto, com aquela explosão de luz e ar aberto, que experiência revigorante. Então, caminhar ao longo do Douro, olhar para a Ribeira e perceber que o Porto certamente é uma das cidades mais lindas do planeta deixou-me num estado de muita calma. Não sei explicar. Vocês já estiveram em cidades onde a única descrição da sensação que lhes causam é o pensamento estranho de "eu poderia ser feliz aqui"? Tive isso em poucas cidades.

Amanhã faço uma leitura na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Agradeço aqui mais uma vez publicamente a Patrícia Lino por sua hospitalidade (e de sua família simplesmente adorável) e pelo respeito com que vem tratando meu trabalho aqui no Porto.

Para celebrar esta passagem pela cidade, três pequenos poemas secos e lúcidos de Sophia de Mello Breyner Andresen, nascida aqui.


Para atravessar contigo o deserto do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen


Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento



§


Cada dia é mais evidente que partimos
Sophia de Mello Breyner Andresen


Cada dia é mais evidente que partimos
Sem nenhum possível regresso no que fomos,
Cada dia as horas se despem mais do alimento:
Não há saudades nem terror que baste.


§


Os troncos das árvores
Sophia de Mello Breyner Andresen


Os troncos das árvores doem-me como se fossem os meus ombros
Doem-me as ondas do mar como gargantas de cristal
Dói-me o luar como um pano branco que se rasga.



.
.
.

sábado, 24 de setembro de 2011

Especial lisboeta para a série d´Os poemas que continuam salvando minha vida: "De profundis amamus", de Mário Cesariny

O mestre Mário Cesariny (1923 - 2006)


Em Lisboa pela primeira vez, caminhando da Alfama à Graça, desta ao Chiado, a Baixa e o Bairro Alto, a luz intensa desta cidade atordoando meus olhos acostumados há anos com o chiaroscuro frequente do Berlimbo, no peito um só nome e na cabeça, para aliviar o engarrafamento nos alvéolos, um poema do mestre Cesariny.


De profundis amamus
Mário Cesariny

Ontem às onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza própria

Andámos
dez quilómetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro
os porteiros
é da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteiros

Olha
como só tu sabes olhar
a rua os costumes
O Público
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
é há quatro mil pessoas interessadas
nisso

Não faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso



.
.
.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Vida longa à poesia pura

Vida longa à poesia pura

Escuta aqui, nós, poetas aguados,
caminhamos hoje
por entre plantas de nomes
mui bem catalogados,
mas os quais desconhecemos,
e assim confundimos muito
bem-me-queres e amores-dos-homens,
chamamos de taráxaco a calêndula,
e colhemos com frequência
a amargosa por malmequer.
Eu, por mim, preferiria
saber distinguir entre a hortelã
e a cidreira, esta e a camomila,
para salvar-me de ressacas quiçá
vindo de buracos e valas malsãs,
onde meninos esguios, longilíneos
feito enguias, seguram os limões
nada luminosos
de uma ex-caipirinha ou tequila.
Eis aqui minha ação
de graças,
poetas laureados, queridos
antepassados cosmopolitas
do último século,
vossa pureza de linguagem
salvou-nos
desses incômodos detalhes,
chegamos enfim ao universal,
e sabiá, busardo ou melro,
cantamos agora
apenas o pássaro
abstrato no galho
de uma árvore
que não sabemos nomear.


.
.
.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A caminho de Portugal, para performances em Lisboa e Porto.

Nesta quinta-feira, embarco para Portugal pela primeiríssima vez. Amigos aqui em Berlim sempre se espantam quando digo que não conheço Portugal, mas é realmente um dos poucos países na Europa Ocidental em que não me apresentei, seja como poeta ou DJ, ou sequer tenha podido visitar. São justamente os países do extremo ocidental do continente: Portugal, Irlanda e Islândia. Nesta quinta, poderei finalmente conhecer Portugal, apresentando-me com minha performance vídeo-textual em Lisboa e na cidade do Porto.

Em Lisboa, participo de um evento dedicado à performance que ocorre com certa frequência, chamado Epipiderme, com curadoria de Nuno Oliveira. Esta edição do evento ocorre na própria quinta-feira, dia 22 de setembro, e terá performances do brasileiro Márcio-André (que sugeriu meu nome a Nuno Oliveira e a quem agradeço a generosidade) e do português Antonio Azenha.

Na cidade do Porto, farei uma leitura na segunda-feira, dia 26 de setembro, apresentando alguns dos meus vídeos na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, graças à generosidade e empenho de Patrícia Lino, a quem também agradeço aqui. Patrícia Lino preparou este pequeno vídeo para promover a tarde na FLUP:


RICARDO DOMENECK NA FLUP : 26 SETEMBRO 2011 from Patrícia Lino on Vimeo.



.
.
.

domingo, 18 de setembro de 2011

Os poemas que continuam salvando minha vida: "Cais", de Ronaldo Bastos - em várias vozes.

Ao chegar a meu apartamento depois de um encontro tão difícil, sabia que não podia escutar "Pedaço de mim" ou "Trocando em miúdos", de Chico Buarque; também sabia que nem podia chegar perto de "Feelings" na voz de Nina Simone; não podia sequer cantarolar "Rising" da Lhasa de Sela; muito menos cair na besteira de assoviar "Ne me quitte pas", imaginando-me uma Maysa em frangalhos; não, seria o abismo. Então pensei: "Cais", "Cais", "Cais", com aquele texto luminoso e cheio da coragem da lucidez viva, aquele pedregulho de simplicidade de Ronaldo Bastos; pensei imediatamente na interpretação maravilhosa de Elis Regina e ainda noutra de Nana Caymmi com o próprio Milton Nascimento, que musicou e tão justamente vocalizou o texto, sabia que era este poema que me mostraria o caminho daquela sensação que rima com "Cais".


Cais
Ronaldo Bastos

Para quem quer
Se soltar
Invento o cais
Invento mais
Que a solidão me dá
Invento lua nova
A clarear
Invento o amor
E sei a dor
De encontrar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim
O sonhador
Para quem quer
Me seguir
Eu quero mais
Tenho o caminho
Do que sempre quis
E um saveiro pronto
Pra partir
Invento o cais
E sei a vez
De me lançar




Elis Regina vocaliza o poema "Cais".


§


Nana Caymmi vocaliza "Cais" com Milton Nascimento.


.
.
.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lançamento do meu pequeno livro "Cigarros na cama" e do terceiro número impresso da "Modo de Usar & Co."



Neste sábado, lanço no Rio de Janeiro (in absentia) um pequeno livro novo, com 28 poemas interligados, intitulado Cigarros na cama. Acima, vocês podem ver a capa. A fotografia é do meu amigo Heinz Peter Knes e o projeto gráfico é de Marília Garcia, que cuida da diagramação e projeto gráfico da Modo de Usar & Co.. Abaixo, a capa do novo número impresso, nosso terceiro (na foto, a poeta norte-americana e tradutora de poetas brasileiros para o inglês Hilary Kaplan, feita por Alexandra Shaw):



O lançamento da Modo de Usar & Co. e do livro Cigarros na cama será na Livraria Berinjela, Av. Rio Branco, 185 / loja 10 subsolo, a partir das 10 da manhã deste sábado.


O terceiro número impresso da Modo de Usar & Co. traz:

textos inéditos de

Dirceu Villa, Inês Cardoso, Paula Glenadel, Renan Nuernberger, Rui Camargo, Victor Heringer, Walter Gam, Liv Nicolsky, Rodrigo Damasceno, Leonardo Gandolfi, Marco Catalão, Fabiana Faleiros, Érica Zíngano, Rodolfo Caesar, Mario Sagayama, Júlia de Carvalho Hansen, Érico Nogueira, Reuben da Cunha Rocha, Leandro Rafael Perez, Fabrício Corsaletti e Marcelo Sahea, além de inéditos dos editores Angélica Freitas, Fabiano Calixto, Marília Garcia e Ricardo Domeneck

e traduções para textos de

Gertrude Stein (por Inês Cardoso), Charles Pennequin (por Marcelo Jacques de Moraes), Kenneth Koch (por Marília Garcia e Wilson Reis), Violeta Parra (por mim), Vicente Huidobro (por Juliana Amato), Nathalie Quintane (por Paula Glenadel), Rodrigo Álvarez (por Marília Garcia), Helmut Heissenbüttel (por Marília Garcia e Wilson Reis), Roberto Bolaño (os poemas por Fabiano Calixto, o conto por Tiago Guilherme Pinheiro), Emmanuel Hocquard (Marília Garcia), Rosmarie Waldrop (por Andrea Mateus), Christian Prigent (por Marcelo Jacques de Moraes), Charles Reznikoff (por Marília Garcia), Cecília Pavón (por Marília Garcia) e John Ashbery (por Ismar Tirelli Neto).




.
.
.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Poemas que continuam salvando minha vida: "Amar", de Carlos Drummond de Andrade

As garrafas de bebida alcoólica que costumavam ser bebidas a dois andam agora tão cheias que lenta tornou-se a maré baixa deste mar etílico como insistem em permanecer numa única e mesma metade da cama os vincos dos lençóis que mistério é este que somente as minhas meias sujas agora espalhem-se pelo quarto onde foram parar aquelas botas pretas que andavam sempre do lado de fora da porta não sei não sei minhas narinas andam tão confusas que minha casa cheire tão-somente a mim mesmo nestes dias começo a me esquecer do formato dos seus calcanhares certamente não me esqueci ainda de como é a cicatriz causada pela apendicite que chegou quase a matá-lo na adolescência tão próxima de sua crista ilíaca sortuda cicatriz dela não me esqueço ninguém mais derruba café no meu carpete mas as manchas não me deixam esquecer sua clumsiness se você não abandonar esta ideia absurda de brincar de esconde-esconde comigo nesta minha idade avançada acabarei comprando um gato ou um chachorro ou um periquito e chamando-o de Sexta-Feira ou Moço quando meus lábios começam a rachar porque esqueci de novo de beber água eu então sussurro na secura nossa / amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita do poema "Amar" de Carlos Drummond de Andrade – e aguento assim mais um dia.


Amar
Carlos Drummond de Andrade

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.


extraído do livro Claro Enigma (1951).





.
.
.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Poemas que continuam salvando minha vida: "This world", de Robert Creeley

Robert Creeley


O sol insiste e ergue-se, a manhã insiste e retorna, os olhos insistem em sua gangorra, o corpo insiste e acorda-o, o alívio e o martírio dependem de mudanças quase imperceptíveis nas circunstâncias dos dias, abro as cortinas e sussurro: "let light // as air / be relief", do poema "This world", de Robert Creeley.



This World
Robert Creeley

If night’s the harder,
closer time, days
come. The morning
opens with light

at the window.
Then, as now, sun
climbs in blue sky.
At noon

on the beach
I could watch
these glittering
waves forever,

follow their sound
deep into mind
and echoes –
let light

as air
be relief.
The wind
pulls at face

and hands,
grows cold. What
can one think –
the beach

is myriad stone.
Clouds pass,
grey undersides,
white clusters

of air, all
air. Water
moves at the edges,
blue, green,

white twists
of foam.
What then
will be lost,

recovered.
What
matters as one
in this world?



extraído do livro Later (1975).

.
.
.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Poemas que continuam salvando minha vida: "Autotomia", de Wislawa Szymborska

Alguns talvez digam que é exagero, ora, como assim um poema salvar a vida de alguém? Mas não se trata de glamourização de poeta, nem conversa pseudo-xamânica sobre mágica arcaica ou qualquer falcatrua soteriológica. Em minha vida, é a mistura de fato e ato. Nesta série, quero repostar – já discuti vários deles aqui – poemas que lateral e literalmente salvaram minha cota de oxigênio e seguem mantendo minha sanidade em um nível aceitável de equilíbrio diante de certas catástrofes. Quando descobrimos um poema com este poder, ele praticamente entra em nosso sistema de defesa e passa a ser parte dos nossos anticorpos contra os demônios ensandecidos, contra os inimigos da lucidez, contra o vírus do suicídio. Hoje, no parque minúsculo e favorito aqui no meu bairro berlinense, sentado na grama, com o vento meio gelado embaraçando os cabelos que já começam a ficar brancos, eu fechei os olhos e sussurrei de novo, várias vezes, como fizera em outros momentos de necessidade:


"Morrer apenas o estritamente necessário, sem ultrapassar a medida.
Renascer o tanto preciso a partir do resto que se preservou."


São versos do poema "Autotomia", da polonesa Wislawa Szymborska. Não se trata de um de seus mais famosos, algo que nunca entendi. Tenho antologias de poemas dela em alemão e inglês que não trazem este poema específico. E, no entanto, eu já não sei se seria capaz de viver sem ele na memória. Nada que as beatas da materialidade possam entender, já que não compreendem como hedonismo e ascese se confundem em nossa miséria extrema.



Autotomia
Wislawa Szymborska

Diante do perigo, a holotúria se divide em duas:
deixando uma sua metade ser devorada pelo mundo,
salvando-se com a outra metade.

Ela se bifurca subitamente em naufrágio e salvação,
em resgate e promessa, no que foi e no que será.

No centro do seu corpo irrompe um precipício
de duas bordas que se tornam estranhas uma à outra.

Sobre uma das bordas, a morte, sobre outra, a vida.
Aqui o desespero, ali a coragem.

Se há balança, nenhum prato pesa mais que o outro.
Se há justiça, ei-la aqui.

Morrer apenas o estritamente necessário, sem ultrapassar a medida.
Renascer o tanto preciso a partir do resto que se preservou.

Nós também sabemos nos dividir, é verdade.
Mas apenas em corpo e sussurros partidos.
Em corpo e poesia.

Aqui a garganta, do outro lado, o riso,
leve, logo abafado.

Aqui o coração pesado, ali o
Não Morrer Demais,
três pequenas palavras que são as três plumas de um voo.

O abismo não nos divide.
O abismo nos cerca.



(tradução coletiva, publicada na revista Inimigo Rumor número 10)


§


Soube através de Carlito Azevedo que a Companhia das Letras está lançando a primeira antologia de Wislawa Szymborska no Brasil, uma notícia que é simplesmente radiante.




Em novembro de 2008, Marília Garcia e eu preparamos uma postagem sobre a poeta polonesa, ganhadora do Nobel em 1996 (quando a descobri), para a Modo de Usar & Co., da qual vocês podem ler o artigo introdutório abaixo.



WISLAWA SZYMBORSKA

Wislawa Szymborska nasceu em 1923, na cidade de Kórnik, na Polônia. Quando ainda criança, sua família mudou-se para Cracóvia, um dos mais ativos centros culturais da Polônia, e a poeta cresceria e permaneceria toda a sua vida nesta cidade. Sua vida literária e artística inicia-se durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto segue com sua educação nos anos subterrâneos da resistência cultural polonesa contra a ocupação nazista. Com o fim da guerra, passa a estudar sociologia, além de língua e literatura polonesas, na Universidade de Cracóvia.

Seu primeiro livro é proibido pela censura do regime comunista por não estar de acordo com os regulamentos da literatura socialista. Tenta conformar-se às regras para conseguir publicar, rejeitando mais tarde, a partir da década de 50, a ideologia político-estética socialista. Nega seus dois primeiros livros e “reinicia” sua obra com o volume Wołanie do Yeti (Chamando Yeti), de 1957. Em 1962, chama a atenção da comunidade poética polonesa com o pequeno volume Sól (Sal). Desde então, seu trabalho espraia-se por pouco mais de 10 volumes de poemas, o último tendo sido publicado em 2005, com o título Dwukropek, “Dois pontos”, como no sinal de pontuação (nota: desde então, a poeta publicou em 2009 o volume Tutaj, "Aqui"). Wislawa Szymborska era uma discreta poeta polonesa até tornar-se mundialmente conhecida em 1996, ao vencer o Prêmio Nobel de Literatura.



Para contextualizarmos o trabalho de Wislawa Szymborska em seu momento histórico-poético, teríamos que compreender que este surge em um período confuso e de classificação ainda polêmica quando, no pós-guerra, muitos poetas modernistas ainda estavam vivos e produzindo suas maiores obras, e uma nova geração começava a formar-se, alguns buscando ser ainda "altos modernistas", outros seguindo tendências menos conhecidas dos movimentos de vanguarda e retaguarda do início do século XX. Wislawa Szymborska é contemporânea de poetas como João Cabral de Melo Neto, Paul Celan, Frank O´Hara, Robert Creeley e Ingeborg Bachmann, que retomam o trabalho literário dos primeiros modernistas. Ao mesmo tempo, é contemporânea de poetas experimentais como Henri Chopin e Bob Cobbing, mostrando a pluralidade poética do pós-guerra como algo muito mais complexo do que nossa tentativa de abarcá-la sob a sombrinha do conceito de "pós-modernismo".

Talvez seja uma das últimas representantes de algumas das tendências do que geralmente chamamos, no singular, de Alto Modernismo. Com um humor muitas vezes auto-depreciativo, a ironia é uma de suas ferramentas favoritas. Há um texto interessante de W.H. Auden em que ele discute traduções do trabalho de Konstantínos Kaváfis para o inglês, comentando o módulo de pensamento do poeta grego que, segundo Auden, permitia reconhecermos um poema de Kaváfis em qualquer língua, não por um estilo específico do que nós hoje chamaríamos de materialidade sígnica de sua linguagem poética, mas por certo tom e forma de pensamento que tornavam seus poemas únicos e ao mesmo tempo compreensíveis em outras culturas e línguas. Sem conhecer polonês, torna-se impossível julgar a materialidade sígnica da poesia de Wislawa Szymborska. Pergunto-me, porém, se poderíamos falar de seu trabalho em termos parecidos aos de Auden sobre Kaváfis. Tendo lido traduções para poemas da polonesa em português, inglês, espanhol e alemão, e reconhecendo sempre este "módulo de pensamento", este "tom" inconfundível, poderia dizer que Szymborska é um belíssimo exemplo do "verso livre" que depende de um talento poético invulgar em seus mais sutis artifícios.


Ricardo Domeneck, especial para a Modo de Usar & Co., 3 de novembro de 2008

.
.
.





.
.
.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Carta a Antínoo", texto recente e inédito.

Carta a Antínoo

Que me importam o império as vilas
as efígies nas moedas se o teu cheiro
ocupa ainda cada canto angular
da arquitetura
mas teu pescoço teus pés teu tórax
já não os habitam
e as águas do Nilo não permitem
que este teu cheiro
agora se evada se exale e me excite ou exalte
uns dizem suspeitar que eu ordenei tua morte
outros que tua influência se tornara indesejável
nunca houve lugar para Eros
entre as intrigas de corte
eu já não me lembro tua morte talvez
a tenha ordenado quiçá tenha sido
castigado por meus inimigos
os mais cruéis sugerem que o ato
fora uma fuga tua dos meus cafunés
das minhas mãos geriátricas
não sei não sei tua lembrança
ocupa o espaço de todo o resto
que eu poderia agora memorizar
ordens execuções missões diplomáticas
a fundação de cidades já não me alegra
se tu já não serás um dos cidadãos
as revoltas de bárbaros tão-só
me entediam
se tu não me acompanhas nas campanhas

divinizar-te é consequência lógica
doravante estarás no panteão
entre aqueles que agora
por um motivo a mais invejo

se teu exercício de natação sem volta
foi mesmo sacrifício ou autoimolação
eu me pergunto que deus te merecia
mais do que eu
dizem as boas bocas pelas ruas de Roma
que eu chorei por ti como uma mulher
como se eles pudessem distinguir o gênero
das águas salinizadas
Pancrates de Alexandria comparara
uma flor-de-lótus a ti e não o contrário
e com isso ganhou meus favores
tu eras o parâmetro
de todos os sistemas da simetria

Antínoo ainda que eu mandasse a Bitínia
ser varrida vasculhada
jamais outro com teu pescoço
teus pés teu tórax
tu eras o príncipe das belugas
Antínoo tu foste meu antinão



Ricardo Domeneck, Berlim - agosto de 2011.

.
.
.


Antínoo (112 - 130) foi o favorito do imperador romano Adriano. Natural da Bitínia (norte da Ásia Menor, hoje na Turquia), é provável que Adriano o tenha conhecido durante uma visita à Bitínia e que o tenha levado consigo. Antínoo era membro do círculo mais próximo do imperador, que era 34 anos mais velho que o rapaz. Em outubro do ano 130, durante uma visita ao Egito, Antínoo morreu afogado no Nilo, mas as circunstâncias em que o evento ocorreu são pouco claras. O imperador mais tarde ordenou a divinização do jovem.

.
.
.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

As aritméticas dolorosas.

é excessivo
porque não
é suficiente

.
.
.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Nota de Alice Sant´Anna no jornal "O Globo" de hoje, sobre Marília Garcia, o festival Europália e o terceiro número impresso da "Modo de Usar & Co."

Abaixo, você pode ler o pequeno artigo de Alice Sant´Anna n´O Globo de hoje, sobre Marília Garcia, o festival Europália – que homenageia o Brasil este ano, trazendo à Bélgica artistas visuais, músicos, cinema e escritores do País –, e chamando a atenção para o lançamento do próximo número impresso da Modo de Usar & Co.

Marília Garcia e eu, coeditores da Modo, estaremos presentes na Bélgica entre os autores brasileiros em novembro e dezembro. O festival prepara duas antologias com os poetas e prosadores convidados para o Festival, bilíngues, uma em francês e outra em holandês. Os outros poetas convidados são Augusto de Campos, Zuca Sardan, Francisco Alvim, Alice Ruiz, Lu Menezes, Ricardo Aleixo, Carlito Azevedo, Arnaldo Antunes e Paula Glenadel. Marília e eu somos os mais jovens dentre os poetas. Os prosadores convidados são João Almino, Beatriz Bracher, Bernando Carvalho, Daniel Galera, Milton Hatoum, Paulo Lins, Lourenço Mutarelli, Nuno Ramos, Silviano Santiago, Veronica Stigger e João Ubaldo Ribeiro. O autor brasileiro homenageado, com exposições, traduções e outras publicações, será Clarice Lispector.

Quanto ao terceiro número da Modo de Usar & Co., o lançamento oficial está marcado: dia 17 de setembro de 2011, na Livraria Berinjela, no Rio de Janeiro. Na mesma ocasião, lançarei um pequeno livro de poemas, intitulado Cigarros na cama, diagramado por Marília Garcia e lançado em conjunto com a revista.

Este número impresso da Modo de Usar & Co. traz traduções para textos de Gertrude Stein, Roberto Bolaño (poesia e prosa), Charles Reznikoff, Vicente Huidobro, Helmut Heissenbüttel, Nathalie Quintane, Emmanuel Hocquard, Violeta Parra, entre outros; texto crítico de Rosmarie Waldrop (em tradução de Andrea Mateus); ensaios de Inês Cardoso e Reuben da Cunha Rocha; poemas de brasileiros como Dirceu Villa, Érico Nogueira, Rodrigo Damasceno, Érica Zíngano, Fabiana Faleiros, entre outros, assim como inéditos dos editores: Angélica Freitas, Fabiano Calixto, Marília Garcia e eu.


clique na imagem para aumentá-la



.
.
.


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

2011 Poetas por Km2

Começa amanhã em São Paulo (2 de setembro) e segue até domingo o encontro de poetas brasileiros e espanhóis 2011 Poetas por Km2, que ocorrerá este ano em São Paulo e Madri.

O evento paulistano ocorre no Centro Cultural São Paulo, e conta com a presença de espanhóis como Ajo, Eduard Escoffet, Peru Saizprez, Antonio Gómez, e os brasileiros Marcelo Sahea, Arnaldo Antunes, Márcio-André, dentre outros.

Mais informações na página do festival.

.
.
.

Arquivo do blog