quinta-feira, 21 de junho de 2012

Lula e Maluf: um acerto de mãos





Um acerto de mãos

Aos poucos, tanto pulso
que dita como reivindica
confundem-se no fundo
sem vilões e sem puros
da História: arte narrativa.

Cerradas, mãos se agitam
no ar. Depende da boca,
porém, o que significam
a lobos e ovelhas passivas
em conluio na mesma toca.

Ora Lula e Maluf dão
-se os punhos, um novo
pacto (o eterno retorno)
de apoio e não-agressão.
Tudo em nome do polvo,

os interesses do polvo
são supremos. Limites?
Mas o que são limites?
Limites são coisas
para os lemingues.


Rocirda Demencock, com os movimentos peristálticos na contramão, 21 de junho de 2012.

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3 comentários:

Gabriel disse...

Ricardo, bacana o engajamento político de seu blog. A postura intelectual mantida, pelo que tenho acompanhado neste último ano, é extremamente coerente, coisa rara.
A propósito, acerca da coerência precisarei tecer alguns comentários no tocante a foto, de modo bem prosaico: pois,
na realidade, eles estão é tirando um braço-de-ferro e, é visível que Haddad tenta ajudar Lula pelas costas (como corrobora a mão no canto esquerdo da foto; por sinal, estou até agora procurando o lado esquerdo da foto,só consigo enxergar o lado direito). Detalhe para a bela reserva egológica mantida na casa de Paulo Maluf: é o cenário prefeito pros acordos vindouros da rio mais vinte.

Um grande abraço!

Marcus Fabiano disse...

QUE belo poema de circunstância, Ricardo.

Eis o que Vieira dizia sobre o polvo, com um abraço

MF


O POLVO COMO JUDAS

“Mas já que estamos nas covas do mar, antes que saiamos delas, temos lá o irmão polvo, contra o qual têm suas queixas, e grandes, não menos que S. Basílio e Santo Ambrósio. O polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, testemunham constantemente os dois grandes Doutores da Igreja latina e grega, que o dito polvo é o maior traidor do mar. Consiste esta traição do polvo primeiramente em se vestir ou pintar das mesmas cores de todas aquelas cores a que está pegado. As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia; as figuras, que em Proteu são fábula, no polvo são verdade e artifício. Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo: e se está em alguma pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra. E daqui que sucede? Sucede que outro peixe, inocente da traição, vai passando desacautelado, e o salteador, que está de emboscada dentro do seu próprio engano, lança-lhe os braços de repente, e fá-lo prisioneiro. Fizera mais Judas? Não fizera mais, porque não fez tanto. Judas abraçou a Cristo, mas outros o prenderam; o polvo é o que abraça e mais o que prende. Judas com os braços fez o sinal, e o polvo dos próprios braços faz as cordas. Judas é verdade que foi traidor, mas com lanternas diante; traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras. O polvo, escurecendose a si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e roubo que faz, é a luz, para que não distinga as cores. Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!”

Vieira, Sermão de Santo Antônio aos Peixes

Thiago disse...

me lembrou
http://www.youtube.com/watch?v=9T7MfWH3mms

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