sábado, 14 de julho de 2012

"Marat/Sade" (1967) - Weiss/Mitchell/Brook




Trata-se de um daqueles momentos em que tudo coopera para a criação de uma obra excepcional. O texto brilhante do dramaturgo alemão Peter Weiss (1916 – 1982), conhecida como Marat/Sade (1963), ou, em seu título completo, A Perseguição e Assassinato de Jean-Paul Marat encenado pelos internos do Hospício de Charenton sob direção do Marquês de Sade (em alemão: Die Verfolgung und Ermordung Jean Paul durch die dargestellt Marats Schauspielgruppe des Hospizes zu unter Charenton Anleitung des Herrn de Sade). Ao texto genial, une-se a tradução para o inglês de um poeta tão bom quanto injustamente ignorado, o britânico Adrian Mitchell (1932 – 2008), com sua sensibilidade histórico-política aproximando-o do autor do texto original. Não consigo imaginar poeta britânico melhor preparado para a tarefa. E, last but not least, a encenação e direção do genial Peter Brook (n. 1925), com atores como os brilhantes Patrick Magee, Glenda Jackson, Ian Richardson e Clifford Rose

Assisti ao filme pela primeira vez em 1998, no Cinusp, o pequeno cinema dentro da Universidade de São Paulo. Eu tinha 21 anos e lá estava cursando Filosofia na FFLCH. Foi um verdadeiro furacão político-poético em minha mente e me marcou profundamente. Considero esta noite, em que vi este filme, ainda um dos punti luminosi da minha vida mental (outro, entre alguns poucos, foi a noite em que assisti com minha amiga Lígia Borges à peça Vozes Dissonantes, de Denise Stoklos). Anos mais tarde pude ler o original alemão de Weiss, aumentando ainda mais minha admiração por este texto central da poesia e teatro do século XX. Há pouco, redescobri o filme na íntegra na Rede e o revi, percebendo que não perdeu sua força para minha imaginação. Quis, tive que o compartilhar aqui. Recomendo-o com todas as minhas forças. Parece-me atualíssimo e mui necessário para a poesia/pensamento brasileiro atual.

 

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