segunda-feira, 15 de abril de 2013

Um poema de Érico Nogueira




Com pernas bambas, tripas formigando
e pele purulenta fica sempre
quem ante a nádega, ou o flanco,
ao tronco só consente
que chegue ao lado, perto, quase, rente.

A mão que fica à-toa, sem saber
o grau das curvaturas que pressente;
a língua tão sobressalente
falando sem lamber;
e o olho cego, que só sabe ler:

que uso podem ter naquele jogo
que é mais preciso quanto mais é tosco?
Então educa a tua mente
para aprender do corpo
o quanto é seu o mundo à sua frente.


Érico Nogueira (Bragança Paulista, 1979), no livro Dois (São Paulo: É, 2010).




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